sábado, 7 de abril de 2012

40- O Coração de Matheus

*Continuação do capítulo anterior


    Assim que eu e Katheryn saímos do castelo, avistamos uma floresta ao horizonte. Para agilizar a viagem, a mãe de Jessica usou um feitiço que nos deixou na entrada da floresta.
-Por que não nos deixou onde a pedra está? – perguntei
-Sou feiticeira, não vidente – ela retrucou
    Entramos na floresta e começamos a caminhar, desviando dos galhos de árvores. Conforme caminhávamos, senti que tinha pisado em algo quebradiço. Um formigueiro.
-Argh, odeio esses bichos – eu disse
-Que bichos? – disse Katheryn, que seguia distraída
-Formigas
    Quando disse isso, Katheryn parou de repente e se virou com expressão de susto.
-Essas não são simples formigas, são zemn’s – ela disse – São extremamente venenosas. Uma picada, você já era. Então corra. Corra muito!
    As formigas correram em nossa direção e nós fugimos delas. Katheryn lançou um feitiço de energia que explodia algumas, mas ainda sobraram muitas. Pra piorar, essas muitas criaram asas e vieram até nós pelo ar.
-Elas voam?! – exclamei
-Eu tenho cara de Wikipédia? – Katheryn gritou de volta
    Enquanto corríamos, avistei um pequeno lago.
-Katheryn, espera! Podemos pular ali! – apontei para o lago
    Fomos até o lago e pulamos nele, impedindo as formigas-moscas de nós pegarem. Aproveitei o momento e criei um vórtice para pulverizá-las.
-Foi por pouco – eu disse
-Tome cuidado! – Katheryn exclamou, brava
    Assim que saímos do lago, Katheryn usou um feitiço para se secar.
-Ei, e eu? – exclamei
-Se vire. Não sou babá de ninguém – ela retrucou
    Continuamos a caminhada pela floresta, esquivando dos galhos de árvores. Conforme andávamos, ouvi passos. Passos que não eram nossos.
-Espera. Ouvi algo – eu disse
-Algo? E o que seria? – disse Katheryn
    Puxei Katheryn pelo braço e nos escondemos atrás de um arbusto. Enquanto nos escondíamos, observávamos o lugar. Então, uns 30 homens de armadura passaram em frente ao nosso esconderijo.
-Quem são esses caras? – eu disse
-São os soldados do Conselho – Katheryn respondeu – Devem ter sido mandados pela Juíza para nos capturar. A partir de agora, atenção em dobro
    Assim que a frota chegou a uma boa distância da gente, saímos de trás do arbusto.
-Eles devem estar indo em direção à pedra. Temos que chegar antes deles – ela disse
-Espera... Como vamos saber onde fica esta tal pedra? – perguntei
-Segundo as lendas, ela fica numa caverna, no alto deste morro – ela respondeu
-“Segundo as lendas”? Não podemos confiar a vida de Jessica à historinhas. Se eu perder Jessica... eu perco tudo. Eu já a perdi uma vez, não quero perdê-la de novo
-Eu entendo. Sei que está sendo difícil para você, mas não iria se sentir pior se não fizéssemos nada?
    Ela estava certa. Mesmo assim, eu estava inseguro. Assustado. Minha cabeça estava completamente bagunçada com tudo que estava acontecendo. Não se pode partir um coração e esperar que ele se reconstrua novamente.
    Continuamos nossa caminhada, mas, desta vez, cortando caminho pelo oeste, na direção oposta aos soldados.
    No meio do caminho, chegamos a um rio. Do outro lado, vimos uma mulher. Ela andava de um lado para o outro, tropeçando nas folhas. Em seu braço havia uma estrela negra. Era uma vítima zumbi de Leandro.
-É melhor irmos por outro lado. Não temos tempo para cuidar disso – eu disse
    Então, outra garota zumbi saiu da floresta. E outra. Outra. Outra. E mais outra. Quando nos demos conta, havia centenas daquele lado do rio. E elas começaram a atravessar o rio.
-Merda! Vamos sair daqui – disse Katheryn
-Olha pelo lado bom: elas não mordem – eu disse
-Prefere ser pisoteado?
-Espera um pouco – eu disse, dando meia-volta
    Saquei minha katana e parti em direção às garotas-zumbi. Usei a espada pra arrancar a cabeça de algumas delas. Katheryn recitou um feitiço para abrir o peito delas e desacordá-las. Mas ainda sobraram muitas.
-Não vamos conseguir – disse Katheryn
-Ou talvez sim. Olhe – eu disse
    Um ser flamejante surgiu ateando fogo nas criaturas. Assim que todas as garotas incendiaram, a figura flamejante chegou mais perto e as chamas em seu corpo foram sumindo gradativamente até voltar a ter aparência humana. Era Lucas.
-Lucas? – exclamei, surpreso
-Vim ajudar, foi besteira discutir com você – ele disse
-Não, eu estava errado. Não devia ter te chamado de egoísta. Estamos bem?
-Sim, mas antes...
    Lucas fechou o punho e me deu um soco no rosto. Depois, apertou minha mão.
-Pronto. Agora estamos bem – ele disse
-Eca, vocês mutantes me enojam – disse Katheryn
    E continuamos a marchar até o topo da montanha. Mais ou menos 40 minutos depois, chegamos a uma caverna escura, o único ponto de referência naquele lugar. Era lá que a pedra estava.
    Assim que entrei na caverna, dei de cara com a tropa de soldados que vimos antes. Um deles segurava a pedra.
-Procurando alguma coisa? – ele disse
    Sem responder nada, saquei minha espada e cortei sua cabeça fora. Indignados, os outros soldados partiram em nossa direção. Lucas eletrocutou alguns e Katheryn pulverizou outros. Os que sobraram, tiveram o peito perfurado por minha katana.
-Não sou um cara mau. Não sou mesmo. Mas não admito que nenhum filho da puta mexa com as pessoas que amo – eu disse, olhando para os cadáveres dos soldados
    Katheryn pegou a pedra e nos levou de volta até onde Jessica e o pessoal nos esperava. Jessica já estava com a aparência horrível de quem está no último estágio.
-Rápido, está quase na hora! – disse Nath
-Deitem-na no chão – disse Katheryn ao pessoal. Depois, se virou para Jessica e disse: - Filha, querida. O que farei agora não será nada fácil. Terei de doar minha energia vital a você e seu filho. Mas não poderei seguir após isso. Você terá que se virar sem mim
-Não... Não! – disse Jessica, com lágrimas nos olhos – Eu passei a maior parte da minha vida sem você. Não posso dizer adeus agora. Eu simplesmente não posso
-Nós nunca estamos preparados para dizer adeus, mas às vezes é preciso – disse Katheryn
    Com lágrimas nos olhos, mãe e filha se abraçaram pela última vez. Em seguida, Katheryn pegou a pedra e recitou as palavras “Innera, Rezsk Onnum”. Então, o corpo da mãe de Jessica foi sumindo aos poucos, enquanto o de Jessica se renovava. Isso se seguiu até o corpo de Katheryn sumir de vez. Assim que o feitiço se encerrou, corri para abraçar Jessica.
-Que bom que você está bem! – eu disse, abraçando-a – Eu achei... Achei que não fôssemos conseguir
-É, mas conseguiu –ela deu uma pausa – Ai! Meu abdômen... Senti uma pontada
-Deve ser o bebê – disse Ana – O feitiço pode ter prejudicado a gestação. Precisaremos realizar o parto agora!
    Assim como existia uma cantora – Jessica – na Dimensão Mágica, obviamente existiam médicas também. Allanis, Isa, Bianca e Karol partiram em busca de outras médicas que pudessem ajudar Ana a fazer o parto. Elas conseguiram achar duas.
-Tá legal, precisaremos fazer uma cesariana. Façam seus truques para termos tudo que é preciso – Ana ordenou
    Jessica estava apenas nos 7 meses de gestação. Uma forte insegurança surgiu, mas eu a espantei logo. As coisas tinham que dar certo.
-Fica calma, Jessica. Vai dar tudo certo – disse Ana
    Ana e as outras duas feiticeiras, que eram cirurgiãs também, abriram a barriga de Jessica e começaram a operá-la, para salvar a vida do nosso filho.
    Quase meia-hora depois, ouvi o som. O som que trouxe lágrimas de alegria aos meus olhos: o choro do meu filho.
-Eu consegui. Eu sempre consigo – Ana deu um sorriso – Parabéns, é um menino!
    Dei um beijo em Jessica. Logo, Ana enrolou meu filho em um pano e o colocou nos braços de Jessica.
-Ele é lindo! – disse Jessica
-Assim como você – eu disse
-Que nome vão dar a ele? – Isa perguntou
-Jimmy. Jimmy Williams. É um nome bonito – eu disse
    Uma pessoa se foi. Mas uma nova vida veio ao mundo. Então é verdade aquele ditado que diz que quando Deus fecha uma porta, Ele abre uma janela.

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