terça-feira, 6 de março de 2012

32- Estrada para o Inferno

    Fogo. E destroços. Por toda a parte. Para qualquer lugar que você olhasse, veria rastros de tragédia e destruição.
-Me fala a verdade – disse Renato, se aproximando – Acha que elas vão sobreviver?
-Bom, os bombeiros já estão chegando... – eu disse
-Não foi isso que eu te perguntei – ele rebateu
    Olhei para os restos da mansão. A situação estava complicada. Havia uma parte intacta, mas isso era ainda pior, porque outro desabamento podia acontecer. Tudo indicava que a resposta para a pergunta de Renato era “não”.
-Olha, - dei uma pausa – se eu fosse você, me prepararia para um funeral. Se tivermos sorte, teremos apenas um
    Renato suspirou. Seu olhar estava vazio.
-Pra falar a verdade... Estou perdendo as esperanças – ele disse

2 horas atrás
PDV da Ana

    Eu havia acabado de chegar do trabalho. Eram 21h, Rafael já estava dormindo. Passei em seu quarto para lhe dar um beijo na testa.
    Como Renato estava trabalhando com sua banda, achei uma boa ideia passar na mansão para falar com o pessoal. Ainda íamos à mansão, era o nosso ponto de encontros. Lá, encontrei Alice, Karol, Bianca e Nath, que estavam na sala assistindo TV.
-Cadê o resto do pessoal? – perguntei
-Lucas está na casa dele, Matheus está num show com os PsyckoManiacs – disse Karol
-Isa ainda não chegou do trabalho, nem Allanis – Nath completou
-Estamos assistindo Glee, não tem nada de bom passando mesmo – disse Alice
    Me sentei no sofá junto a eles. Alguns minutos depois, Marcelo apareceu na mansão e Nath foi para sua casa junto ao marido. Leonardo apareceu logo depois para buscar Karol.
-E aqui estamos nós, as esquecidas – Bianca brincou
-Estou entediada... – eu disse – Que tal fuxicar o quarto do Matheus?
-Ótima ideia! – disse Alice
    Mesmo assim, não achamos nada interessante. Parecia que estávamos predestinadas a ficar entediadas naquele dia. Ou não.
-Estou ouvindo um barulho estranho, vem lá debaixo – disse Alice
-Barulho? Eu não ouvi nada – eu disse
-Calma aí. Vou lá embaixo ver o que é
-Quer ajuda com a cadeira de rodas? – perguntei
-Eu me viro, esqueceu? – ela deu um risinho
    Enquanto isso, eu e Bianca continuamos a revirar o quarto de Matheus. De repente, ouvimos Alice gritar do 1º andar:
-Ai, meu Deus! – ela gritou – Ana, Bianca, a gente tem que sair daqui !
-O quê? O que houve? – Bianca gritou de volta
    Não deu tempo para Alice responder de volta. Eu e Bianca ouvimos um estrondo. O chão se rachou e partiu rapidamente. O fogo consumiu o lugar em segundos. Num piscar de olhos, nós duas fomos parar no 1º andar, em meio a destroços.
    Bianca estava caída ao meu lado. Seu braço sangrava e ela aparentava estar desacordada.
-Você tá legal? – perguntei
    Ela tentou se levantar, mas sentiu uma dor súbita em seu braço.
-Não. Acho que quebrei o braço – ela respondeu
-Se a gente não sair logo daqui, vamos quebrar mais do que o braço – eu disse

Fim do PDV da Ana

    Eu e os PsyckoManiacs estávamos num show no centro da cidade. Assim que o show acabou e peguei meu celular, vi que havia 10 ligações perdidas de Allanis e mais 16 de Jessica. Só podia ser algo extremamente importante para elas me ligarem tantas vezes.
    Falei para os caras da banda que eu tinha algo urgente e dirigi até a mansão. Levei um susto enorme ao chegar, pois a mansão não estava mais lá. O que eu via era apenas um monte de lixo e destroços.
-Meu Deus! – exclamei
-Isso não é tudo – disse Allanis – Ana, Bianca e Alice estão lá dentro
-Como isso aconteceu? – perguntei
-Uma bomba – Lucas respondeu – Eu vi e ouvi da minha casa quando aconteceu
    Quer dizer que uma bomba foi plantada na mansão? Como? Por quê? Isso eu ainda não sabia, mas o que eu sabia era que Ana, Bianca e Alice não estavam bem.

PDV da Ana

    Me lembrei de Alice. Ela estava lá embaixo na hora que aconteceu. Ela deveria estar bem pior do que eu e Bianca.
-Alice! Alice, está me ouvindo?! – gritei
-Aqui! – eu a ouvi gritar, vindo da direita
    Fui até o lugar de onde ouvi os gritos, me esquivando das chamas e dos destroços. Meu coração veio à boca quando vi o que estava à minha frente: Alice estava caída no chão, com uma pilha de destroços cobrindo suas pernas.
-Eu vi a bomba. Estava tentando avisar. Mas não deu tempo. E agora estou presa – ela disse apressadamente
-Shh... Fica calma – eu disse
    Meu celular começou a tocar. O identificador mostrava que era Matheus.
-Graças a Deus! Você está bem! – ele exclamou
-Eu estou. Bianca e Alice nem tanto – eu disse – Chamem os bombeiros. Precisamos que cheguem o mais rápido possível
-Já chamamos. Logo vocês estarão fora daí
-É bom mesmo – respondi
    A fumaça estava começando a penetrar o lugar. Não havia saída. Estava tudo bloqueando pelos destroços. Ficava difícil respirar. Era bom os bombeiros chegarem logo.

Fim do PDV da Ana

Agora, no presente...

    Assim que Isa chegou, liguei novamente para Ana e coloquei no viva-voz para que todos falassem com ela.
-Usei um pedaço da minha calça para imobilizar o braço quebrado de Bianca – Ana disse
-Aguentem aí – Isa disse – Os bombeiros já estão chegando
-Alice é quem está pior – ela disse – Preciso que os bombeiros sejam rá... Espera. Ouvi um barulho
-Barulho? Que barulho? – eu disse
-Ah, não. Ah, não! Ah, não! – Ana exclamou, desesperada – Isso aqui vai desabar de novo!
    Quando olhamos para a mansão novamente, pudemos ver a pilastra que estava sustentando a parte intacta da mansão estava se partindo. E aí, tudo desabou e vez.
-Não! Não! – Renato exclamou
-Ana, você tá aí? Ana! – gritei ao celular
    Mas nenhuma resposta veio. Isso não era bom.
-Perdemos o sinal – eu disse

CONTINUA...

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