sábado, 4 de fevereiro de 2012

23- A Academia de Feiticeiras

   Eu estava sentado no tapete da sala da mansão, jogando videogame com Eric. Nath, Bianca e Ana estavam sentadas no sofá, lendo uma revista de moda; Lucas estava na cozinha, preparando o jantar do pessoal; Isa estava sentada num puff, mandando sms’s para Leandro, que estava viajando; e Karol ouvia um pouco de música em seu fone de ouvido. Allanis e Pattison estavam fora da cidade, em sua lua-de-mel.
    De repente, a campainha tocou. Ana foi até a porta para atendê-la. Tivemos uma surpresa ao ver quem estava do outro lado da porta: Jessica. Ela e Ana se abraçaram e sorriram.
-O que você faz aqui? – Ana perguntou
    O sorriso no rosto de Jessica desapareceu.
-Eu vim aqui porque preciso da ajuda de vocês – ela disse
-Como assim? – disse Isa
-Não sei como falar, talvez seja melhor mostrar – disse Jessica- Chame Lucas, quero todos vocês
    Disfarcei e fingi que estava dormindo no sofá.
-Todos, Matheus. Inclusive você – ela disse
    Aquilo me pegou de surpresa. Olhei para ela com expressão de confusão.
-Isso é importante – disse ela, olhando para mim. Depois, se virou para o pessoal e disse: - Agora deem as mãos
    Fizemos o que ela mandou. Demos as mãos e ela recitou umas palavras complicadas. Quando abri os olhos, percebi que estávamos numa floresta. À nossa frente, havia um portão de ferro que dava para um grande castelo feito de pedras.
-Bem-vindos à Academia de Feiticeiras – disse Jessica
-Uau – disse Bianca – Sempre quis saber onde ficava. Que país é esse?
    Jessica soltou um risinho abafado.
-Não é um país diferente. É uma dimensão diferente – ela disse
    Ficamos parados, boquiabertos. Jessica deu outro risinho abafado e recitou algumas palavras para que o portão se abrisse.
    Havia um jardim e uma trilha com pedrinhas brilhantes no caminho que levava até a porta do castelo.
-Então... – disse Lucas – Por que trouxe a gente aqui?
-Vocês logo verão – ela disse, com um tom misterioso
    Chegamos à porta do castelo. Tive uma surpresa ao vê-lo por dentro. As paredes tinham uma pintura feita com textura, pintada de azul marinho; a mesa do provável refeitório era feita de alumínio; haviam lâmpadas. Eu havia imaginado algo mais antiquado, num estilo da escola do Harry Potter, e não uma coisa tão... moderna.
    Havia também outro detalhe: lá só haviam garotas.
-Aqui só estudam garotas? – Karol perguntou
-Sim, talvez seja por isso que se chame Academia de Feiticeiras – disse Jessica
    Uma mulher de óculos, aparentemente de uns 30 e poucos anos, e vestindo um terninho branco, se aproximou de Jessica.
-Conseguiu a ajuda? – perguntou
-Sim, aqui estão eles – disse Jessica – Pessoal, sra. Ramirez. Sra. Ramirez, pessoal. Ela é nossa professora
-Venham comigo – disse a Sra. Ramirez – Precisam ver uma coisa
    Ela nos guiou até o segundo andar, onde ficavam os dormitórios. No fim do corredor, havia uma faixa amarela, tipo aquela usada por policiais. Sra. Ramirez nos levou até o outro lado da faixa.
-Isolamos essa parte do corredor para proteger as outras estudantes – disse
    O que será que havia ali que as fez isolar o lugar?
    Sra. Ramirez abriu a porta e o que nós vimos quase nos fez pular de susto. Naquele dormitório, havia uma garota, com o cabelo desgastado, pele envelhecida e olhos totalmente brancos. Ela estava acorrentada. Assim que nos viu, começou a se debater, tentando nos pegar, mas a corrente não deixava. Ela não falava, apenas emitia grunhidos. Parecia... um zumbi.
-Meu Deus... – disse Nath, abismada
-Essa é Lisa – disse Jessica – Está assim há 1 semana. Uma outra amiga minha, Tess, está desaparecida há 3 semanas.
    Percebi algo de estranho no braço de Lisa. Havia uma marca em seu braço. Me aproximei para ver o que era.
-O que você tá fazendo? – disse a Sra. Ramirez – Tome cuidado, não sabemos se é contagioso
    Não me aproximei à ponto de Lisa me pegar, apenas o suficiente para ver a marca em seu braço. Era uma estrela negra.
-Jessie, Lisa tinha alguma tatuagem? – perguntei
-Não, ela nunca mencionou nada – ela respondeu – E me chame de Jessica
-Hum... E o que seria essa estrelinha negra no braço dela?
    Jessica se aproximou e olhou para o desenho no braço da Lisa-zumbi.
-Que estranho – ela disse – Eu nunca reparei nesse desenho
    Ela suspirou e disse:
-Por enquanto, isso não significa nada. Preciso que alguém venha comigo para procurar Tess
-Nath, pode ser você? – eu disse
-Não – Jessica interrompeu – Eu quero você, Matheus
    Fiquei um pouco surpreso, mas apenas obedeci. O pessoal todo se dividiu em duplas e foi até a floresta para procurar a amiga de Jessica.
    Eu e Jessica ficamos em silêncio o tempo todo, então resolvi quebrar o silêncio de uma vez:
-Faz ideia de onde Tess esteja? – perguntei
    Jessica não disse nada. Apenas continuou andando em silêncio.
-Jessica? – eu disse
-Tess é minha melhor amiga – disse ela, finalmente – Não sei o que eu faço se... Não, é melhor não pensar nisso
    Ficamos mais um tempo andando em silêncio, até que ouvimos um assovio. Jessica começou a correr em direção ao barulho e eu a segui. Duas garotas, também feiticeiras, esperavam no local de onde veio o assovio.
-E então? Acharam ela? – disse Jéssica
-Hã... Sim, achamos – disse uma das feiticeiras
    Quando olhamos melhor, pudemos ver o cadáver de Tess, jogado no meio dos arbustos. O corpo não parecia de uma jovem, e sim de uma idosa, como se o processo de envelhecimento dela tivesse sido acelerado.
-Não! – Jessica exclamou
    Ela começou a chorar e se virou para me abraçar.
-Peraí, por que eu? – eu disse – Por que me escolheu para procurar Tess com você, e não Nath?
-Porque eu não poderia abraçar a Nath – ela disse
    Fiquei sem respostas quando ela disse isso. De repente, notei algo de estranho no cadáver da amiga de Jessica. Me aproximei do corpo e foi aí que vi: uma estrela negra no braço dela.
-Jessica, olha isso – eu disse
    Assim que ela viu a marca, secou os olhos e ficou séria novamente.
-Isso quer dizer que... – eu disse
-Que o mesmo desgraçado que transformou Lisa num monstro também matou Tess – ela disse, friamente
***
    Algumas horas depois, assim que a Academia foi avisada da morte de Tess, que o funeral dela foi marcado e etc, Jessica levou todos nós de volta à mansão.
-Obrigada, por tudo – disse Jessica – A ajuda de vocês foi muito importante
-De nada. Qualquer coisa, é só falar com a gente – disse Nath
    Antes de ir, Jessica me deu um abraço. Um abraço apertado.
-Obrigada, Matheus – ela disse
    E então, ela se foi. De novo.

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