sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

6- A Renegada

   Recentemente, Jéssica tem tentado investir na carreira de cantora, mas desde que seu pai morreu, ela assumiu o controle do CCB, o que deixa sua agenda agitada. Pensei em dar uma passada no trabalho dela, fazer uma visitinha.
   Cheguei na CCB e fui até seu estúdio.
-Toc-toc – eu disse, batendo na porta
-Ei, você veio – disse Jéssica, feliz
   Ela passou os braços por cima dos meus ombros e me deu um beijo.
-O que te traz aqui? – ela perguntou
-Só pensei em fazer uma visita. Eu sempre animo o dia de quem me vê – brinquei
-Modéstia em 1º lugar – ela sacudiu a cabeça – Bom, estou ocupada. Tenho muita coisa pra fazer
-Se não me quer aqui, é só dizer
   Jéssica riu. Ela pensou em dizer algo engraçado, mas o telefone de seu escritório tocou antes que ela pudesse dizer.
-Jéssica, tem uma senhora querendo falar com você – disse a mulher do outro lado da linha
-Quem é? – Jéssica perguntou
-Ela não disse o nome, só disse que é importante
-Tá, manda subir
   Jéssica desligou o telefone e se virou para mim. Fiquei distraído, olhando seus longos cabelos loiros pousando sobre seus ombros. Ela estalou os dedos para me fazer sair do “transe”.
-Virou estátua, é? – ela brincou
-Um beijo e eu volto a me mexer – brinquei
   Ela se levantou da cadeira para me beijar. Ouvimos o barulho da porta se abrindo e ela parou na mesma hora. Sua expressão de felicidade se transformou numa expressão de espanto. Me virei e vi que a tal senhora tinha chegado. Ela deveria ter uns 50 e pouco, mas era bem conservada, do tipo “Panela velha é que faz comida boa”. Tinha um olhar firme, mas parecia prestes a desmoronar. Jéssica e ela ficaram se encarando por alguns minutos, até que a senhora resolveu quebrar o silêncio.
-Quanto tempo, hein, Jéssica? – disse a senhora
-É, quanto tempo... mãe – disse Jéssica
   Fiz um “uau” em silêncio, Apesar de que se você olhasse a senhora por trás, veria na hora que ela é mãe de Jéssica. As filhas não puxam apenas a cor dos olhos.
-Matheus, vamos embora – disse Jéssica, seriamente
-Como? – eu disse, ainda distraído, procurando o que mais Jéssica puxou da mãe
   Rapidamente, Jéssica me puxou pelo braço e me tirou da sala. Ela me levou até o carro dela e voltamos para a mansão em silêncio durante todo o trajeto. Quando chegamos, ela se trancou no quarto dela, sem me dar chances de perguntar o que estava acontecendo.
   Nath viu Jéssica correndo até o quarto e veio me perguntar o que aconteceu.
-Depois que a mãe dela apareceu, ela veio correndo para cá e não disse nada – expliquei
-A mãe dela? – perguntou Nath
   Respondi com um meneio de cabeça.
-Pensei que a mãe dela estivesse morta. Ela nunca falou dela para mim – disse Nath
-Muito menos pra mim – completei
-Fale com o Dean, ele pode explicar melhor – ela sugeriu
   Fui até a casa de Bianca para falar com seu namorado – e também irmão de Jéssica.
-O Dean está aí? – perguntei
-Está sim. Vou chamá-lo – Bianca respondeu
     Dean foi até a porta e eu expliquei tudo que aconteceu. Ele ficou eufórico ao saber da mãe.
-Mamãe? Onde ela está? Onde? – perguntou
-Eu não sei. Mas antes, me explique: por que Jéssica ficou daquele jeito? – perguntei
    Dean soltou um suspiro e passou a mão no cabelo. Ele parecia não ficar confortável mexendo naquele assunto. Antes de começar a falar, ele olhou para o alto por um tempo e começou a explicar.
-Mamãe nos largou quando eu tinha 5 anos e Jéssica, 3 – ele explicou – Foi muito difícil para Jéssica, viver sem a mãe. E depois, eu a larguei. Nunca devia ter feito isso
-Eu pensei que a mãe de vocês tivesse morrido. Vocês nunca falaram sobre ela – eu disse
-Nunca gostamos de falar sobre ela. Principalmente Jéssica
-E por que ela abandonou vocês? – perguntei
-Éramos novos demais. Nunca soubemos – ele respondeu
   Percebi que Dean estava ficando incomodado com aquela conversa. Voltei para a mansão e deixei Dean em paz.
   Do lado da mansão havia um cerca que servia também de escada. Usei ela para subir até a janela do quarto de Jéssica. Olhei pela janela e vi que Jéssica estava deitada na cama, com as mãos sobre o peito. Seus olhos estavam vermelhos, o que significava que ela andou chorando. Pensei em falar com ela, mas ela disse que queria ficar sozinha, então desci pela escada.
   Lucas C estava no portão da mansão, conversando com alguém. Quando me aproximei, vi que era a mãe de Jéssica.
-Ah, Matheus. Essa é Katheryn, ela quer falar com Jéssica – disse ele
-Pode deixar que eu falo com ela – eu disse
   Puxei Katheryn para o canto, onde ninguém pudesse ficar olhando para a gente, e a confrontei.
-Olha, eu quero você longe da minha namorada, entendeu? – ordenei
-Escuta aqui – ela levantou o tom de voz – Você não sabe nada sobre mim
-Sei sim. Sei que você magoou a minha namorada – revidei
-Você não sabe de nada – ela disse – Pense bem: se Jack era humano, a quem Dean e Jéssica puxaram?
-Peraí, você é mutante?
    Ela me olhou como se eu perguntasse se o Obama é negro.
-Opcs Neturn – ela disse essas palavras estranhas
    Nisso, várias flores surgiram no quintal da mansão, transformando-o num jardim gigante.
-Jéssica herdou meus dons de feiticeira – Katheryn explicou – Quando Jack soube que eu era mutante, ele me expulsou de casa
   Ouvi passos. Quando me virei, vi que Jéssica estava atrás de mim, com lágrimas nos olhos. Ela correu até a mãe e deu um abraço apertado.
-Foi por isso que você foi embora? – perguntou Jéssica, chorando
-É. Me desculpa, filha – disse Katheryn, também chorando
-Você vai ficar?
-Não posso, querida. Tenho alguns assuntos para resolver
    Mais lágrimas vieram aos olhos de Jéssica.
-Antes de ir... – disse Katheryn
    Katheryn levou a mão ao bolso e pegou um livrinho, que deu à Jéssica.
-Use esse livro de feitiços para aperfeiçoar seus poderes – disse ela
    Jéssica e a mãe se abraçaram mais uma vez. Depois, Katheryn se afastou e fez um feitiço para ir embora. Depois, Jéssica entrou na mansão e foi para o quarto.
-Vai fazer o quê? – perguntei
-Treinar – disse ela, com um sorriso, olhando para o livro

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